sábado, 10 de julho de 2010

Quarta Parede.

No fundo do eu,
Espectador do imaginário
E das contradições,
Assisto ao meu elenco
Na passividade de plateia
Que sou.

Figurante do que sinto
Enceno os dias
No palco dos actores
Que protagonizam
O sonho improvisado desta ficção.

Cómica caixa cénica
Ou trágica peça encenada
Que pode ser um drama
Ou simplesmente não ser nada.

Parede imaginária
No invisível
Deste pedaço de vida
A confundir o elenco.

Palco de invasores sentimentos,
Nos bastidores intransitáveis da alma,
Que não vêm à cena.


Mundo lúcido enredado
Na rotunda da emoção.
Quarta parede a impedir o sim
Quando a plateia
Só vê o não.

/PF
"Algum ser humano percebe o que é a vida, a cada momento que passa?"

Você

Você que tanto tempo faz
Você que eu não conheço mais
Você que um dia eu amei demais
Você que ontem me sufocou
De amor e de felicidade
Hoje me sufoca de saudade

Você que já não diz pra mim
As coisas que eu preciso ouvir
Você que até hoje eu não esqueci
Você que eu tento me enganar
Dizendo que tudo passou
Na realidade aqui em mim você ficou

Você que eu não encontro mais
Os beijos que já não lhe dou
Fui tanto pra você e hoje nada sou

Você que eu tento me enganar
Dizendo que tudo passou
Na realidade aqui em mim você ficou

Você que eu não encontro mais
Os beijos que já não lhe dou
Fui tanto pra você e hoje nada sou.

Marina Elali

sexta-feira, 9 de julho de 2010

9 .

Eu tinha de escrever, precisava de desabafar, senão rebentava. Neste momento não consigo falar com ninguém sobre nada. É aqui, só aqui que vou tentar dizer o que sinto. Apetece-me desaperecer. Sim, para bem longe daqui. Para um lugar distante, onde não haja pessoas, onde não conheça nem reconheça ninguém, nem sequer as pedras. Um lugar onde não haja coração, onde não haja cabeça nem cérebro, onde os sentimentos sejam anulados por qualquer coisa, ou que nem sequer existam. Quero fugir. Desaparecer. Preciso tanto de sair desta caixa que me sufoca. Falta-me o ar. Não olhes assim para mim. Não me insultes nem digas que me odeias, que me bates ou que te meto nojo. Não me cuspas na cara nem questiones os meus sentimentos. Deixa-me só ficar contigo. Desculpa. Desculpa. Desculpa. Sei que não vale de nada, mas tenho de o dizer.
Sei que errei, que acabei com muita coisa, mas não queria. Ás vezes parece que não valho nada. Que não me conheço, que ao fim de 18 anos ainda não me encontrei. Sim, acho que é isso. Ainda não me encontrei, estou meio perdido no meu labirinto.
E agora, pergunto - como vai ser? Eu não vou aguentar. Não vou conseguir sequer imaginar o que vais fazer, com quem vais estar, onde e quando. Não vou conseguir suportar essa ideia. A tua amizade até me pode chegar, mas não será a mesma coisa. Há momentos que não se esquecem. Sim, sei que sempre te disse o que não queria que fizesses, e eu fiz. Errei. Sim, eu sei. Errei. Mas porque não olhas para trás, para o que se passou, não metes o sentimento a falar mais alto que a raiva e que o ódio? Porque não me olhas nos olhos e dizes que me queres?
Eu não sei. Eu já não sei nada. Acho que nunca soube.
Às vezes penso que nunca te amei pelo que és, mas pelo que gostava que tivesses sido.
Não sei isto é a verdade, mas é uma hipótese. Talvez por isso que as coisas nunca tenham resultado como deviam. Talvez por isso as coisas não tenham começado da maneira mais correcta. Começamos mal, e acabámos mal.
Agora só me resta dizer-te, aliás, pedir-te que sejas feliz, porque mereces.
Desculpa mais uma vez, e não te esqueças que existo.

sábado, 3 de julho de 2010

Breve Despedida.

Não sei por onde começar. Mas o que é certo, é cada dia que passa, é um dia a menos, nesta fase de três anos que chega ao fim. Começa a sentir-se alguma nostalgia e saudade. Há coisas que me lembro, que gostava de voltar atrás, de repetir e outras de esquecer. Vou ter saudades de tudo. Do Gil Vicente, do António José da Silva, dos tragediógrafos clássicos, de Shakespeare, de Genet e até de Camões. Genet, principalmente de Genet. O que eu dava para poder fazê-lo novamente.
O futuro neste momento é incerto. Mas o que é certo, é que a vida não pára. Qual o próximo passo? Não sei. Mas esta arte, vai continuar a fazer parte da minha vida.